terça-feira, 25 de março de 2014

Atas das Aulas de Hebraico VIII


Após a oitava aula de Hebraico, é dada como terminada a primeira parte do curso. Galvanizados, eu e os meus colegas, decidimos avançar para outro pacote de oito aulas.
Entretanto, em vez da ata da oitava aula, é hora de escrever o balanço do curso. Para isso vou-me reportar ao modo como vi o Purim, ontem à noite, desde da Sinagoga até ao "Searsons", que é um dos tidos por pubs snobs cá do sítio.
Comecemos então pela Sinagoga. Onde cheguei antes da leitura da Megillah e ainda durante o Shabbat. "Quem é que nos mandou contrariar o Tanach e, em vez de termos vindo a pé, apanharmos um autocarro?",  comentei eu ao meu amigo, sentado no banco ao lado, impaciente como sempre e preocupado com o desfecho do Chelsea.
O ambiente na Sinagoga, à semelhança da cidade, era de alegria. De arromba. Capaz de arrombar as portas daqui do templo e transbordar os que não tivessem celebrado o St. Patricks, a vitória da Irlanda no torneio das Seis Nações ou os dois. A vítima foi o Rabino. Coube ao Irlandês mais Judeu (e vice-versa) daqui da comunidade a profana proeza de, em plena cerimónia, derramar vinho nas vestes do senhor...Rabino.
Recomposto da raiva, o senhor Rabino só voltou a erguer a mão e franzir o sobrolho quando nos excedemos nas vaias e nos mini-murros, sempre que escutámos o maldito nome de Haman. Exercício que usei para testar o meu nível de Hebraico e, a avaliar pela prontidão das minhas mãos, não me saí nada mal.
No que toca ao Hebraico coloquial, e que escutei nos táxis, nas casas, autocarros e mais táxis,  jamais me pareceu matéria mundana, mas antes algo que, ao ser transportado para lá dos muros da escola, tem o seu quê de mágico. O Hebraico, tal como os costumes dos respetivos nativos, tem o condão de parecer um idioma do domínio transcendental e, ao mesmo tempo, poder ser uma língua de trazer por casa. Como a Estrela de David que tão depressa nos dá ordem para contemplarmos os céus, como nos relembra que a nossa primeira realidade é a de cá debaixo.
Poucas são ainda as palavras que capto ao escutar Hebraico. "Ken" (sim) ou "Lo" (não), sobretudo a segunda por os ditos diálogos serem mais dados a negar o que os outros a dizer do que à paz podre da concórdia. Não fui arrojado o bastante para me pôr a falar mais que as frases suficientes para atrair a atenção Askhenazi por aparentemente ter um sotaque Askhenazi. Ou talvez tenha sido por ter comido uma carpa ao pequeno-almoço. 

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